Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

110. 24 Horas

Queria ter tido maior noção do perigo naquele tempo...

Lisie acordou quando ouvíamos a mensagem pela terceira ou quarta vez. Seus olhos se arregalaram de imediato e encheram-se de lágrimas. Era um de seus companheiros do RR, conseguiu nos dizer por entre os soluços. Ainda tentávamos tirar mais informações dela quando o scanner do rádio nos alertou para uma comunicação em andamento.

-Lobo Cinzento. Lobo Cinzento, na escuta?

Não ouvimos a resposta -o que provavelmente indicara que o receptor da mensagem estava além do alcance, segundo Pasan- mas a mensagem que veio a seguir era bastante auto explicativa.

-Siga para o ponto de impacto, imediatamente. Permissão para ataque concedida. Vinte e quatro horas. Cambio final.

Quem quer que tivesse dado as ordens tinha sido bastante claro. Inclusive para mim. E assim, repito, queria ter tido maior noção do perigo naquele tempo. Pois restava menos de 24h para que um novo grupo dos Deuses embarcasse nos escombros daquela metrópoles em busca de sabe-se lá o que, tendo de enfrentar sabe-se lá quem. E isso me dava menos de 24h para encontrar qualquer sobrevivente ou pista do RR que houvesse. É claro que Lisie e Passan tentaram me impedir, mas eu não era conhecido -nem nunca seria até hoje- por fazer as coisas pensadas e planejadas, e ninguém ia me impedir de ao menos saciar minha curiosidade de saber o que -diabos!- tinha se espatifado naquela merda de rio que todo mundo queria saber. Então simplesmente peguei minha arma, algumas barras de cereal, duas latas de sopa, um vidro de anti-séptico e parti. Passan sorriu incrédulo, Lisie deixou uma lágrima escapar de seus olhos de lagoa azul, mas nenhum deles tentou de fato dobrar minha determinação. Uns podem dizer que foi por amor. Outros que por pura falta de experiência e bom senso. Mas eu digo que foi aquela sensação de formigamento que dá na gente quando sabemos que é a cagada certa a se fazer. 

O vento do lado de fora tinha voltado a se mostrar implacável. Meus ossos congelavam por dentro da carne, mas o conforto de saber que um tiro de longa distância era quase impossível fazia valer a tremedeira. Caminhei por cada minuto que havia de luz, o mais rápido e escondido que pude. Não avistei nenhuma viva alma no caminho, e esperava não ter sido avistado por nenhuma. Quando as sombras começaram a se apoderar da cidade apenas um filete de fumaça negra se erguia sobre os escombros poucas centenas de metros adiante, mostrando onde tinham sido sepultados os "bravos" Deuses. Procurei abrigo em um sobrado, escorei a porta com todos os móveis e escombros que havia disponível e me aninhei dentro da segurança do saco-de-dormir.

-Nuke! -me acordou uma voz feminina, no instante em que o sono chegara.

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